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Assassin’s Creed Rogue

Fechando a série na geração passada com chave de ouro

ACROGUE

Podem falar o que quiserem: AC Rogue é um jogão.

Diferente do seu irmão mais nobre, lançado apenas para nova geração de consoles (AC Unity), AC Rogue é exclusivo para PS3 e XBOX 360 e não há versão para PC.  Devido ao lançamento simultâneo, Rogue foi prejudicado por um marketing capenga e pouca visibilidade na mídia. Apesar disso, vendeu bem e já começa a ficar popular, principalmente no Brasil, onde a grande maioria de jogadores ainda não atualizou o seu console para uma versão mais recente, e consequentemente acabou comprando o jogo compatível com seu console, mais antigo. AC Rogue conta a história de um assassino que sofre um trauma muito grande e perde a confiança e a crença na irmandade dos assassinos. Dessa forma, ele trai seus companheiros e começa a trabalhar para os templários para impedir que eventos similares aos que o levaram a descreditar de seus antigos ideais voltem a acontecer. O jogo possui essa particularidade ímpar de te colocar na pele de um templário de forma integral, tendo acesso a tecnologia mais avançada e renda mais abundante, fornecida por cofres templários

Uma cópia?

O jogo bebe muito do seu antecessor. Há elementos evidentes de Black Flag no jogo, como as excelentes batalhas navais, mapas náuticos e inúmeros locais para descobrir, centenas de baús de tesouros para saquear, campos de suprimentos para invadir, sinos para sabotar  e muitos, muitos coletáveis. Podem dizer que o jogo é uma cópia descarada de Black Flag, e é quase isso mesmo (até as animações em CG e Cutscenes são idênticas, apenas com a mudança do protagonista) mas isso não significa que seja algo ruim. O jogo possui muitos elementos que fizeram muito sucesso em todos os jogos anteriores da série, senti, que foi como uma homenagem ao caminho percorrido até agora, além de incrementações inéditas ao gameplay, que citarei mais à frente. O retorno mais notável se dá pelas áreas presas por QG de gangues de assassinos, que funciona basicamente da mesma forma que as saudosas Torres Borgia de Assassin’s Creed Brotherhood. A dinâmica é a mesma: Identifique o líder, assassine-o, cumpra um objetivo aleatório proposto e corte a bandeira inimiga. A grande diferença nesse caso, é que o líder do QG é um assassino treinado e ele simplesmente não se esconde dentro da torre ao notar ameaça. Ele se esconde para te espreitar e te matar. Outro elemento que volta, dessa vez de Assassin’s Creed Revelations, são os espreitadores. Considerando que você é um templário agora, assassinos estão em seu encalço para eliminá-lo. Entretanto, o jogo teve uma sacada inteligente para que você identifique e contra ataque esses agressores. Ao se abordado ou se aproximar de uma área onde um espreitador se esconde (Nova York é cheia delas), a tela fica com as bordas avermelhadas e os famosos sussurros (presentes até agora, no modo multiplayer dos jogos anteriores para indicar a aproximação do seu perseguidor) se tornam audíveis. Ative a visão aquilina para abrir a bússola de perigo e determinar a posição do perseguidor. Misturaram o Multiplayer no jogo Singleplayer, uma tacada de mestre. Aliás, esse jogo não possui nenhum modo multiplayer, que fique claro. Além disso, temos alguns vislumbres de áreas e mapas já conhecidos de jogos anteriores, como AC III, por exemplo: A Fazenda de Aquiles em Davenport e Nova York (levemente modificada da versão do terceiro jogo numerado para facilitar o freerun pelos telhados). E saudosista e dá certo conforto por estar em um ambiente familiar.

Isso pode ser um defeito também. Claramente, os desenvolvedores tiraram do fundo do baú, arquivos de mapas e renderizações de jogos passados para acelerar o processo de produção, deixando um gostinho de “feito nas coxas” nesse jogo. Tudo parece ter sido reaproveitado: mapas, CGs, animações e principalmente, a jogabilidade. A adição do botão de descida em freerun adicionado no AC Unity, que permite uma descida dinâmica e que segundo críticas foi a melhor implementação no jogo desde sempre (deviam ter colocado isso desde o começo) não existe no AC Rogue. Nenhuma novidade verdadeira foi inserida. Toda a criatividade (e dinheiro) foi dispensado, obviamente, para o jogo principal em desenvolvimento.

Cada dia mais rico…

Outra retro-novidade, é o sistema econômico do jogo. Desde o AC III, a renda de fluxo constante foi extinta. Para obter dinheiro, era necessário enviar comboios e vender peles. Em Black Flag, obtinha-se dinheiro abordando navios, comboios reais, e posteriormente, vendendo a carga saqueada. Em Rogue o sistema de fluxo constante está de volta. Ao liberar um QG ou destruir um forte, abre-se uma zona econômica que aumenta o fluxo de dinheiro recebido a cada 30 minutos. Além disso, outra coisa que volta são as renovações. Ao liberar um forte, abre-se a opção de renovar uma ou mais construções de algumas áreas que também aumentam a renda por tempo. O banco existe aqui, e como nos jogos anteriores, possui um limite máximo: é melhor “sacar” o dinheiro de lá quando encher, ou o fluxo fica interrompido até que isso seja feito. Além da renda constante, todas as outras formas de obtenção de dinheiro são totalmente válidas aqui: abordagem de navios, venda de cargas, comercio de peles e ainda existe a renda obtida através da frota, aquele minigame com os navios que fazem missões passivas durante um determinado tempo real. É incrivelmente fácil ficar milionário em poucas horas de jogo.

Atlântico Norte: Neve, Água Congelante, Aurora Boreal, Animais Extintos, e um Navio mais navegável.

A grande novidade no quesito naval é o local navegável do jogo. O atlântico norte é uma paisagem inóspita, mas cheia de vida, com muitas tempestades de gelo, bastante icebergs espalhados pelas águas, mantos de gelo em passagens estreitas e é um local onde nadar não é muito recomendável. Ao cair na água, Shay sofre os efeitos de congelamento e sofre dano sobre o tempo enquanto estiver no mar. Isso já deixa presumido, que infelizmente, os divertidos naufrágios submersos não estarão disponíveis. Em contrapartida, há naufrágios na superfície, ocultos por grossas paredes de gelo, cheio de segredos e animais polares. Lembro bem, quando foi divulgado um clipe de gameplay, justamente de um desses locais polares, onde haviam pinguins, muita gente criticou nos comentários, que não existem pinguins no hemisfério norte. Entretanto, na época retrata no jogo, o atlântico norte era povoado por uma espécie específica de pinguins que foi totalmente extinta pelo homem em 1844. As grandes Alcas, como era chamadas, foram dizimadas pelo homem para finalidade de alimentação, esporte e isca para pesca. O último casal avistado, foi morto a pauladas por marinheiros e seu ninho destruído a pisões. Isso só mostra o esmero da equipe desenvolvedora do jogo em ambientar bem as tramas no contexto histórico, e serve para mostrar o quanto o homem pode ser cruel com a natureza à sua volta. Navegar à noite, é um presente. A aurora boreal foi muito bem feita no jogo e corta os céus durante o trajeto. Falando em navegação, Morrigan, o navio do jogo é visivelmente menor que o Gralha do jogo anterior. Isso faz com que ele seja mais controlável e fácil de navegar em ambientes estreitos, como a área fluvial de River Valley (outro mapa naval do jogo). Por ser mais rápido, manobrar ficou ainda mais dinâmico e abordar navios ficou mais intuitivo. Como novidades para o navio, temos algumas tecnologias templárias a nosso favor, como um canhão giratório de cilindro que atira inúmeras balas em sequência como uma metralhadora, um rostro corta-gelo para atravessar áreas do mar congeladas e um ataque com óleo inflamável que cria rastros de fogo no mar por onde o seu navio passa, excelente para parar abalroamentos, perseguições e abordagens.

Ausência de Multiplayer

A mudança mais notável é a total ausência de um modo multiplayer nesse jogo. Presente desde Assassin’s Creed Brotherhood (ACB), o online desse jogo criava um clima competitivo em um jogo de gato e rato que fez um enorme sucesso ao ser lançado. Infelizmente, o auge desse modo foi até o jogo seguinte, AC Revelations, onde continuou divertido e bem equilibrado. A partir de AC III, removeram muitos modos legais e restringiram o multijogador para uma ação mais rápida e centrada. A premissa de se manter oculto e realizar o máximo de assassinatos com alta qualidade acabou sendo deixada de lado pelos jogadores que começaram a agir como se tudo fosse um jogo de ação, ou seja, perdeu toda a graça. É muito comum ver, jogadores correndo pelo mapa com o simples intuito de matar o máximo possível, independentemente da pontuação obtida, se isso iria revelar sua posição ou se era estrategicamente funcional para a mecânica do jogo. Não é raro encontrar grupos de jogadores que, quando agem como alvo, circundam um jogador rival apenas para espancá-lo o tempo todo não dando tempo algum para diversão. Outro adição negativa ao meu ver, foi a inclusão do modo cooperativo, a Matilha de Lobos, onde você e mais 3 pessoas abordam NPCs. Não é desafiante e ainda, pela possibilidade de jogar sozinho, muitas pessoas frustradas por todo esse desequilíbrio no modo competitivo acabavam jogando sozinhas esse modo para subir de nível. Não haver modo multiplayer nesse jogo só fez bem à ele, e não faz falta alguma.

Ezio continua insuperável

O protagonista, Shay Patrick Cormac, até é carismático em sua juventude, mas acho muito difícil a Ubisoft conseguir criar um personagem tão icônico e lendário como Ezio Auditore. Não é à toa que Ezio teve nada menos que 3 jogos da série como protagonista. Shay é falastrão, mas torna-se sombrio ao se tornar templário. Não tão sisudo quanto o tão desprezado Connor e nem tão despojado quanto Edward, mas mesmo assim não consegue despertar empatia. A história dele é totalmente solta na série. Não é descendente de Altair, não possui relação genética com nenhum protagonista anterior e apenas interage com figuras já conhecidas de jogos anteriores, principalmente AC III e AC IV BF.

Muito conteúdo

O jogo possui poucas sequências de DNA para sincronizar, tornando a campanha principal bem curta. Mas isso não significa que seja um jogo pequeno. Se o jogador se propor a completar todas as missões secundárias e obter todos os coletáveis e segredos do jogo, ele pode passar facilmente de mais de 30 horas de jogo. Nada tão complicado quanto AC III, mas foi o jogo que mais chegou perto dele, principalmente se o objetivo for obter todos os troféus/conquistas do jogo.

Em questão de troféus/conquistas, AC Rogue é o um dos jogos mais exigentes, juntamente com AC III. Ele exige que se obtenha no mínimo 98% de sincronização total para platinar ou obter todas as conquistas. Um troféu específico exige que se colete todos os 200 fragmentos do Animus (presentes como coletáveis nos jogos desde AC Revelations) e acredite, é bem cansativo. Em contrapartida, coletar esse tanto de objetos não é tedioso: a variação de cenários e mapas, e a facilidade dos inúmeros pontos de viagem rápida espalhados por todos os lugares ajuda muito nesse processo. Há no jogo:

  • Fragmentos do Animus
  • Pilares nativos
  • Peças templárias
  • Mapas de tesouros
  • Mais de 300 baús.
  • E muitas outras coisas

Além disso, existem missões secundárias como as interceptações e as batalhas lendárias. Nos jogo anteriores, você cumpria missões de assassinato. Aqui, você captura o pombo em trânsito, e impede que assassinos matem o alvo em questão, matando-os antes que eles consigam atingir seus objetivos. Os difíceis navios lendários estão de volta nesse jogo, herança de Black Flag, com destaque para o último navio que é praticamente um colosso de resistência, e ainda por cima chama mais dois navios lendários para a luta quando fica com 10% de vida (uma covardia, diga-se de passagem): é de longe, a batalha mais difícil que você enfrentará no jogo.

Ou seja

O jogo tem seus méritos, apesar de ser um produto reciclado. Diverte, e homenageia os jogos anteriores de forma sutil e saudosista. Recomendo que, se você ainda não trocou seu console, compre (de preferência, quando cair mais o preço) e aproveite essa nova aventura sob a perspectiva templária.

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